Já refletiste sobre o que é amor? É ele essa
tortura que conhecemos? Essa espécie de amor poderá ser bela no começo, quando
dizemos a alguém: “Te amo”, mas depressa se deteriora, convertendo-se numa
relação em que prepondera a posse, o domínio, o ódio, o ciúme, a ansiedade, o
medo.
Agora, que é amor, o que é ele realmente, e não
como gostaríamos que fosse? O que gostaríamos que fosse o amor é uma mera ideia,
um conceito. Devemos começar com o que é, e não com o que deveria ser. Devemos
começar com o fato, e não com as opiniões e conclusões.
Assim, vamos agora investigar, o que é realmente o
nosso amor? Nele há prazer, dor, ansiedade, ciúme, apego, ânsia de posse, de
domínio, e o medo de perdermos o que possuímos. Há o amor existente nas
relações entre duas pessoas, e há amor a uma ideia, uma fórmula, uma utopia, ou
a Deus. Por essa razão, há o casamento legal, instituído pela sociedade para a
proteção da prole.
O amor que temos é o conhecido, com todos os seus
sofrimentos e sua confusão, nele, há a tortura do ciúme, os horrores e penas da
violência, o prazer sexual. É isso que conhecemos.
A maioria de nós não sabe o que é amor. Conhecemos
a dor e o prazer de amar, assim, o amor é, para nós, algo desconhecido, tal
como a morte. Mas, com a mente livre do conhecido, apresentas-se-nos aquilo que
não é cognoscível por meio de palavras, de experiência, de visões.
Devemos perguntar, é o amor prazer, desejo,
pensamento? Pode o amor ser continuamente cultivado? Sem o amor, o sentimento
de compaixão, sua chama, inteligência, a vida tem muito pouco significado. Você
pode inventar um propósito para a vida, a perfeição, conhecer tudo sobre a
profissão, mas, sem a beleza fundamental do amor, a vida fica sem sentido.
Para a maioria dos homens, amor é posse. Mas,
havendo ciúme, inveja, existirá também crueldade, ódio. O amor só existe e
cresce na ausência do ódio, da inveja, da ambição. Sem amor, a vida é como
terra estéril, árida, dura, brutal. Porém, no momento em que existe afeição,
ela é como a terra que floresce com água, com chuva, com beleza.
Você sabe, uma de nossas dificuldades é que
associamos amor com prazer, com sexo. Amor, para a maioria de nós, significa
ciúme, ansiedade, possessividade, apego. A isso chamamos amor. Mas o amor é
apego? É o amor prazer? O amor é desejo? É o amor o oposto do ódio? Se é oposto
do ódio, então não há amor. Você pode compreender isso? Quando alguém tenta se
tornar corajoso, esta coragem é nascida do medo. Portanto, o amor não pode
conter o seu oposto. O amor existe onde não há ciúme, agressividade, ódio. Que
é amor? É prazer, prazer no reiterativo ato sexual, ao que geralmente se chama
amor? O amor da esposa, no qual há grande prazer, posse com base no desejo, é
amor? Quando existe um possessivo apego em relação ao outro tem que haver
ciúme, temor, antagonismo. Se não se compreende plenamente o significado do
apego, jamais se poderá descobrir a verdade do amor.
Esperamos amar o homem através do amor de Deus, mas
se não soubermos como amar o homem, como podemos amar a realidade? Amar o homem
é amar a realidade. Julgamos que amar a outrem é tão doloroso, tantos problemas
complexos estão envolvidos nisso, que consideramos ser mais fácil e mais
satisfatório amarmos um ideal, o que é emocionalismo intelectual, não amor.
Texto extraído do livro de Krishnamurti
Transformar padrões é exercício diário... E precisa ser consciente... Faça o seu com perseverança e perceberás o resultado benéfico que surgirá...
Paz e Luz
Essa matéria terá continuidade nas próximas publicações
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