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Amor: Não é Emoção, Prazer, Sentimentalismo parte 2

Posted by Magali Marcadores:


Você sabe, para descobrir o que é, você deve negar totalmente o que não é. Através da negação do que não é, se chega ao que é. Deve-se descobrir se o prazer é amor. O amor é desejo? O amor está associado ao sexo, e o sexo se tornou extraordinariamente importante, não é? Você o vê em todos os lugares; pega qualquer revista, caminha em qualquer rua, infindavelmente vê este “amor”. Por que o sexo se tomou colossalmente importante, como ele está associado ao que chamamos “amor”? Por quê? Você alguma vez fez essa pergunta? O amor é pensamento? Pode o pensamento cultivar o amor? O amor não é prazer, não é desejo, não é recordação, ainda que essas coisas tenham seu lugar. Que é, então, o amor? É ciúme? É o amor um sentimento de posse – minha mulher, meu esposo, minha noiva? Contém medo o amor? Não é nenhuma dessas coisas, apaguem-nas completamente, terminem com elas, pondo-as em seu lugar correto. Então há amor. O amor não é pensamento. Não é desejo, prazer, não é o movimento de imagens, e enquanto você tem imagens de outrem não há amor. E perguntamos, é possível viver uma vida sem qualquer imagem? Só assim você entra em contato com outro.

A inteligência requer liberdade, e a liberdade requer a cessação de todo conflito. Torna-se existente a inteligência e deixa de existir o conflito quando o “observador” é a coisa observada, porque então não há divisão. Então, existe amor. Hesitamos em empregar essa palavra já tão terrivelmente “carregada”; o amor está associado ao prazer, ao sexo, ao medo, ao ciúme, à dependência, ao desejo de posse.

Sem dúvida, o amor é estado de espírito em que o “eu” perdeu toda a sua importância. Amar é ser amistoso. Quando amais, não tendes inimizade e não causais inimizade. E vós causais inimizade ao pertencerdes a religiões, nações, partidos políticos. Se possuís muitas terras, imensas riquezas, enquanto outro pouco ou nada tem, causais inimizade, ainda que frequenteis os templos, ou mandeis construir templos com vossas riquezas. Não tendes afabilidade quando estais em busca de posição, poder, prestígio. Dependemos da sensação para a continuidade do assim chamado amor, e, quando essa satisfação é negada, procuramos encontrá-la em outrem. Sem compreender a ansiedade, não pode haver plenitude do amor. Para compreender essa plenitude, esse estado integral, precisamos começar a estar apercebidos do desejo como ganância e possessividade.

O amor não é sensação. A sensação faz nascer o pensamento, por meio das palavras e dos símbolos. As sensações e o pensamento tomam o lugar do amor, tornam-se um substituto do amor. As sensações são produtos da mente, como o são também os apetites sexuais. A mente gera o apetite, a paixão, através da lembrança, e recebe dessa fonte sensações. As sensações são agradáveis e desagradáveis, e a mente se prende às agradáveis, tornando-se escrava delas. A mente é o fabricante dos problemas e, portanto, não pode resolvê-los. O pensamento é fragmentário, limitado, não pode resolver o problema do que é o amor, e não pode cultivar o amor. Quando se cria uma abstração com o pensamento, cria-se o afastamento de “o que é”. Isto é o que se tem feito durante toda a vida; porém, jamais se saberá, mediante a abstração, o que é amor; nunca se conhecerá a imensa beleza, profundidade e significação do amor.

O processo do pensamento nega sempre o amor. O pensamento é que tem complicações emocionais, e não o amor. O pensamento é o maior obstáculo ao amor. O pensamento cria uma divisão entre o que é e o que deveria ser. Essa estrutura moral, criada pela mente para manter coesas as relações sociais, não é amor. O pensamento não conduz ao amor, não pode cultivar o amor. O próprio desejo de cultivar o amor é ação do pensamento. 

Texto extraído do livro de Krishnamurti


 Luz e Paz na caminhada

Matéria terá continuidade na próxima publicação