Também conhecido como estresse laboral, Burnout é
um termo em inglês, que no sentido literal significa "queimado" ou
“combustão completa". Quando essa palavra for atribuída a pessoas, sua
tradução é mais compatível com "estar esgotado”. Trata-se de um estudo
psicológico que começou a ser feito pelo psiquiatra Herbert Freudenberguer, por
volta da década de1970, para descrever o estado de exaustão prolongada e a
diminuição do interesse, principalmente pelo trabalho. A síndrome de Burnout é
definida como uma reação à tensão emocional crônica, causada pela excessiva
carga de trabalho, com o mínimo intervalo de tempo para se recuperar. São mais
suscetíveis a entrarem em Burnout as pessoas cujas atividades incluem frequentes
interações com os outros, como os profissionais da área de saúde
(principalmente enfermagem), os professores etc. Além dessas modalidades que
são apresentadas por diversos estudos como principais causadoras dessa síndrome,
existem várias outras voltadas ao atendimento ao público e prestação de
serviços que oferecem semelhantes esgotamentos, podendo adoecer a equipe de
trabalho desses setores públicos e privados. Pesquisadores do assunto parecem
discordar da natureza dessa síndrome. Enquanto alguns a consideram relacionada à
exaustão e à despersonalização no trabalho (perda de identidade), outros
atribuem-na a um caso especial da depressão clínica ou apenas à exposição das
pessoas a situações de fadiga extrema. Não se trata de um sinônimo de estresse,
o Burnout é uma resposta ao estresse crônico, ou seja, a convivência permanente
com os fatores estressantes, sem que haja quaisquer perspectivas de mudanças
das situações conflituosas do ambiente de trabalho. Os funcionários são
expostos a situações extremamente desgastantes, sem a mínima perspectiva de
mudança no desenvolvimento das suas atividades. Ao contrário do estresse, que é
ocasionado principalmente pela maneira com que a pessoa se relaciona com o
trabalho, o Burnout deve ser associado ao ambiente de trabalho, em que a
dinâmica da organização adoece os seus funcionários, enfraquecendo o potencial
de produtividade da equipe. O que leva alguém a entrar em Burnout é um conjunto
de fatores que ocorre na interação do trabalhador com as condições de trabalho,
tais como a falta de instruções e de recursos necessários para o bom desempenho
das tarefas, baixas remunerações, excessos de cobrança por parte dos
superiores. Isso tudo submete a equipe a altos níveis de estresse. Também se
inclui aqui a sensação de que qualquer esforço por parte da pessoa é em vão.
Além de não se sentir valorizado pela corporação, o funcionário esgota seus
recursos de dedicação às pessoas envolvidas com o seu trabalho, e os resultados
obtidos são os piores possíveis. Surge uma sensação de impotência diante dos
resultados indesejáveis. O Burnout deve ser tratado em conjunto com as
empresas, pois as intervenções terapêuticas feitas isoladamente com os
funcionários, não se mostram eficientes. Mesmo fazendo um bom trabalho com as
pessoas, com o objetivo de resgatá-las daquela apatia e desinteresse pelo
trabalho, quando voltam às suas atividades, expondo-se às mesmas situações,
elas adoecem novamente. Para recuperar o bom desempenho de uma equipe, com
alguns integrantes em Burnout, faz-se necessário promover alterações no
ambiente de trabalho, visando a qualidade de vida dos funcionários. Atualmente,
o estresse e o Burnout não são considerados prejudiciais apenas para o
trabalhador; o são principalmente para as empresas, pois afetam diretamente a
produtividade. As organizações que possuem alguns integrantes das equipes de
trabalho em Burnout, despendem altos custos decorrentes das faltas, desperdício
de material, acidentes de trabalho, doenças, dos funcionários etc. Isso pode
prejudicar a imagem da empresa com seus clientes, pela atuação
"desastrosa" deum funcionário. O Burnout pode ser compreendido como
produto de uma interação negativa entre o local de trabalho, a equipe e os clientes.
É diferente do estresse, em que a pessoa pode sair sozinha, mudando, por
exemplo, a sua maneira de encarar os problemas, por meio de uma reformulação
interior, promovendo a autoconsciência. O Burnout, por sua vez, exige
intervenções externas que englobam a ajuda de um especialista e também mudanças
na dinâmica de trabalho. Nesse caso, não basta fazer um trabalho somente com as
pessoas, é preciso promover algumas alterações na empresa em que elas atuam,
uma vez que o ambiente de trabalho representa um significativo agente
desencadeador dessa síndrome. Esse é um ponto difícil de ser conciliado, pois a
intervenção no local de trabalho esbarra na direção da organização, que geralmente
não tem interesse em fazer alterações na dinâmica funcional. Geralmente, os
empresários e administradores, não se dão conta do quanto aquela atmosfera de
trabalho é nociva aos funcionários e quanto o prejuízo causado na equipe
repercute diretamente na produtividade. Seria necessário rever as condições de
trabalho para evitar os reflexos negativos sobre a equipe, gerando a desmotivação
e até mesmo alguns casos de Burnout. Não se trata de mudanças estruturais,
bastam algumas medidas simples e criativas, tais como reformular a disposição
do ambiente, fazer rotatividade de funções entre os próprios funcionários,
promover campanhas de incentivos à produção, cursos de especialização,
reciclagem etc. E comum nas empresas, principalmente de telemarketing, ser
avaliada a produtividade dos operadores, por meio de gráficos que apontam
numericamente a atuação deles. Geralmente, o baixo desempenho resulta em
severas punições. Medidas como essas, seguidas de cobranças e ameaças, causam o
estresse laboral, que compromete o envolvimento pessoal no trabalho,
despertando sentimentos de desesperança, inutilidade, incapacidade etc. Essas
condições exprimem o quadro de uma pessoa que está em Burnout. Os dirigentes do
telemarketing, por exemplo, devem levar em consideração o fato de a produção
ser resultante do bom desempenho dos funcionários, no contato que eles
estabelecem com os clientes. O abalo emocional repercute negativamente no atendimento
aos clientes. Como esses funcionários precisam se empenhar ao máximo para
apresentarem bons resultados, eles internalizam suas chateações e indignações,
provocando o desinteresse pelo trabalho. O olhar dos analistas de telemarketing
é dirigido para as máquinas que fornecem os gráficos e outras informações, possibilitando
mensurar a produção. Isso praticamente desqualifica a origem daqueles números,
que são obtidos pela interação entre os funcionários e os clientes, ou seja, da
relação entre pessoas. Não se trata de números produzidos meramente pelas
máquinas, mas sim por pessoas que estão operando as máquinas ou produzindo os
números que estão expostos no vídeo. Portanto, criar um ambiente de trabalho
que preserve a qualidade de vida dos funcionários, dando a eles reais incentivos,
que despertam a motivação e o interesse pelas atividades, reverte em benefícios
e maior lucratividade para a empresa. Produzir uma atmosfera de trabalho de
forma a favorecer o bem-estar dos funcionários, motivando a equipe, é aplicar
uma espécie de "vacina laboral", que evita uma série de problemas,
inclusive que as pessoas entrem em Burnout. Isso será possível quando os
empresários, administradores ou empreendedores usarem mais o bom senso na
coordenação das atividades, visando a qualidade de vida dos funcionários. Isso
fortalece a equipe de trabalho, resultando no aumento da produtividade. Como
vimos anteriormente a síndrome de Burnout afeta principalmente os profissionais
da área de saúde e educação. Essas duas áreas possuem certas peculiaridades que
contaminam os ambientes de trabalho, gerando elementos propícios ao surgimento
do Burnout. Geralmente o ambiente de trabalho não propicia o bom desempenho das
funções. Tanto os enfermeiros, quanto os educadores sofrem com a falta de
preparo ou especialização para lidarem com as adversidades da profissão. Também
há escassez de recursos logísticos para o exercício das funções. Apesar disso,
as atividades precisam ser realizadas de qualquer maneira. Seja o cuidado aos
enfermos, no caso do profissional de saúde, ou nas aulas, que deverão ser
ministradas, independentes das condições de trabalho ou do estado emocional dos
cuidadores ou dos professores. Portanto, nem o despreparo, tampouco a
precariedade de recurso evita a execução das tarefas. Apesar de tantos esforços
por parte desses profissionais, os resultados do trabalho não são condizentes
com a sua dedicação. Geralmente, a remuneração não está à altura do que é
realizado. Além disso, no caso dos enfermeiros, os pacientes recebem alta
médica e desaparecem ou pior ainda, não se recuperam ou vão a óbito. No tocante
aos educadores, além da baixa remuneração e da falta de recursos, eles precisam
lidar com o desinteresse de alguns alunos, o desconhecimento do método de ensino
aplicado pela escola etc. Geralmente, o sofrimento desses profissionais é
decorrente do choque entre a história de vida de cada um deles, repleta de
projetos, de esperanças e de desejos, que deparam com uma organização de
trabalho, que ignora os anseios pessoais, bloqueando a relação homem/trabalho. O
sentimento de frustração e impotência de promover modificações no ambiente de
trabalho, de forma a conquistar uma atmosfera que se aproxime das expectativas
individuais em relação à profissão, representa uma fonte a mais de sofrimento para
esses profissionais, gerando o estresse laboral e o sentimento de desesperança
pelo trabalho. Dentre os sentimentos geradores do Burnout, destacam-se: A
indignação ou desesperança, causadas pelo desejo ardente de dedicação e colaboração
com as pessoas envolvidas nas suas ações, seguidas de grandes decepções, que
transformam a paixão pelo trabalho em uma atuação meramente automática. A
inutilidade, por não ser reconhecida a sua contribuição para a instituição,
atribuindo-se pouca importância àquilo que se faz. Ou ainda, o quanto é inútil
qualquer tentativa de fazer um bom trabalho. Falta de reconhecimento tanto por
parte da corporação, quanto das pessoas envolvidas com o seu trabalho. Por mais
que o profissional se dedique, não consegue alterar o curso da vida dos seus
assistidos. Isso gera uma profunda frustração e o sentimento de inutilidade. A
desqualificação, tanto de si mesmo quanto dos demais colegas de trabalho. Os
profissionais não se encontram suficientemente qualificados. Faltam recursos
materiais ou logísticos, preparo emocional e informações adequadas para o exercício
das profissões. O esgotamento ou a exaustão por serem submetidos a uma
sobrecarga de trabalho, sem um período de descanso suficiente pelo alto nível
de estresse laboral. Mesmo quando se afastam das atividades, não conseguem se
desligar das preocupações, tornando as tensões do trabalho, uma espécie de
pesadelo para a sua vida pessoal. Por fim, o Burnout não está relacionado
exatamente com o esforço físico, mas, principalmente, com as tensões e as decepções
geradas pelo ambiente de trabalho, somadas às defasagens internas e ao
despreparo das pessoas para realizarem suas tarefas. Algumas empresas exageram
nas exigências, sem oferecer recursos ou remuneração apropriados, levando o funcionário
ao esgotamento. Essa conduta "adoece" o ambiente de trabalho,
sujeitando os funcionários ao Burnout. No tocante à parte que nos cabe, a fim
de minimizar o estresse laboral, convêm salientar que, ao longo da trajetória profissional,
desconectamo-nos da nossa essência, ou seja, perdemos a originalidade e a
espontaneidade, negando o próprio estilo de atuação profissional. Quando isso
ocorre, surge uma sensação de vazio e um sentimento de inutilidade, comprometendo
a realização profissional. Enquanto buscamos atingir nossos objetivos, perdemos
a identidade, deixamos de apreciar o que fazemos e nos desinteressamos pela
profissão, passando a trabalhar apenas por obrigação. Para que o ritmo
frenético do trabalho não adoeça você, colocando-o em Burnout, é imprescindível
que se permaneça centrado em si mesmo, não permitindo que as cobranças o
desorganizem emocionalmente. Procure ser mais flexível na interação com as
pessoas que trabalham com você, com os encarregados ou com a chefia. Afinal, a
rebeldia ou as exigências excessivas de sua parte para com os colegas de
trabalho, dificultam a interação harmoniosa no ambiente.
Texto extraído do livro Metafísica da Saúde
Paz e Luz