No
decorrer da vida podemos perceber que para estarmos sadios é importante
cultivar a serenidade.
Mas
como conseguir isso? Como não nos deixarmos afetar pelo que sucede à nossa
volta?
Primeiro
temos de tomar consciência de que a serenidade é um estado interno e, portanto,
nada que esteja fora de nós deve ser empecilho para o manifestarmos. Podemos desenvolvê-lo
quando adquirimos neutralidade diante dos acontecimentos e seguimos nosso
caminho sem dispersão nem desordem.
Quem
conquista essa atitude torna-se como uma fortaleza e não se abala com
circunstâncias.
A
serenidade não depende de fatores externos; por isso, é inútil buscá-la em
pessoas, em situações ou em ambientes. Ela só pode ser encontrada dentro de
nós. Por outro lado, o mundo é o nosso campo de trabalho para exercitá-la. A
vida atual, tão atribulada para a maioria, é uma prova para testar o grau de
serenidade que podemos atingir e, ao mesmo tempo, um estímulo para robustece-la.
Vários
fatores podem contribuir para nos tornarmos serenos, e um deles é a superação
do medo, comoveremos a seguir.
Um
meio de conquistar a serenidade nos é dado no período em que nos encontramos
desencarnados. Entre uma encarnação e outra, desenvolvemos o sentido de
imortalidade, porque, só então, nos percebemos no eterno presente e nos
reconhecemos como seres imortais. Sem estar no efêmero corpo físico, mas sim em
outra realidade temporal e espacial, experimentamos uma vida que nos parece
mais ampla e plena.
Nesse
período compreendemos também que a transição chamada "morte" é apenas
o despojamento dos corpos materiais que usamos em nossa passagem pelo mundo
físico.
Assim,
cientes de que não há morte, o medo vai desaparecendo e a serenidade se
instalando.
Quanto
mais longo for o intervalo entre as encarnações, mais profundamente se
consolida essa nossa percepção da imortalidade. Embora a maior parte dessa
percepção vá para o nosso inconsciente quando encarnamos de novo, ela nos dá possibilidade
de reingressar na vida material serenos.
Ultimamente
o intervalo entre as encarnações não tem sido longo o bastante. Muitas almas
imaturas, que seriam beneficiadas por períodos mais longos fora do mundo
físico, não usufruem esse tipo de repouso e de restauro por serem logo atraídas
de volta ao plano terrestre pela grande densidade energética em que hoje se
acha o planeta e muitos dos seus seres. Isso agrava a falta de serenidade que
costuma reinar neste mundo. Mas há também as almas evoluídas que renunciam a ficar
desencarnadas, na situação privilegiada de níveis de existência harmoniosos,
para retornar à Terra e prestar auxílio nesta época de tantas necessidades.
Essas almas, entretanto, já se tornaram mais serenas pela vivência do altruísmo
e são de grande ajuda para as demais.
Outro
fator que nos ajuda a desenvolver a serenidade é estabelecermos um ritmo
ordenado e harmonioso em nosso dia a dia.
A
maioria das pessoas não cuida disso espontaneamente e, para que possam desenvolver
ordem e disciplina, quase sempre a vida lhes apresenta um ritmo compulsório:
horários rígidos a cumprir, emprego fixo, relógio de ponto, dias certos de
repouso e assim por diante. Mas quem voluntariamente distribui as atividades em
horários regulares, de modo flexível e com atenção à ordem, tem como resultado
um cotidiano que facilita a serenidade.
Ao
nos adestrarmos na disciplina de uma vida ritmada, deixamos de ficar ansiosos
para que as coisas comecem ou terminem segundo nossas expectativas, quase
sempre sem fundamento real. Assim, podemos canalizar a atenção, o pensamento e o
sentimento para o momento presente e não para um futuro que imaginamos.
É
a partir daí que a rotina diária não mais nos incomodará, e finalmente poderemos
perceber que a vida jamais termina – nossa existência, então, liberta-se dos
limites do tempo.
Quanto
mais organizado o dia se torna, mais penetramos o eterno presente, sem nem ao
menos nos darmos conta de como isso ocorre.
O
ritmo das atividades se desliga de acontecimentos fora de nós e começa a
expressar realidades internas. A pausa entre duas atividades torna-se então um
reflexo dos intervalos entre as encarnações. Quando aprendemos a usar nosso
tempo livre adequadamente, chega ao nosso consciente aquela percepção da
imortalidade colhida nos ciclos em que vivemos desencarnados, e o medo começa a
ser dissolvido dentro do nosso ser.
Vivendo
o ritmo diário com sabedoria, aprendemos a usar o tempo corretamente. Isso
permite que, ao iniciarmos uma nova tarefa, nos sintamos restaurados. E, mesmo
quando necessitamos de repouso, nosso estado físico já não será de desgaste ou
inquietação, porque evitamos dispersões e permanecemos inteiros, atentos ao que
estávamos fazendo. Desse modo, os períodos de renovação, tais como sono e
repouso, têm efeitos mais abrangentes.
Nos
tempos antigos havia cerimônias e ritos religiosos que auxiliavam o despertar
para uma vida ritmada. Hoje, porém, o caminho é considerarmos o próprio
cotidiano um cerimonial, torná-lo ordenado e, portanto, em condições de nos
levar ao encontro da serenidade.
Do livro a Busca da Serenidade
Que a serenidade se faça em nossa caminhada... Paz e Luz...