No aspecto metafísico, o portador de epilepsia, possui grande força
realizadora, suas potencialidades são maiores que suas habilidades. Para
entender melhor o sentido aqui empregado a esses termos, esclarece-se que os
potenciais são inatos, não dependem de desenvolvimento, nascemos com eles e o
que está vinculado ao desenvolvimento são as habilidades adquiridas por meio
das experiências. Tornamo-nos hábeis quando conseguimos organizar as faculdades
interiores, viabilizando os meios necessários para a execução dos nossos
potenciais latentes. No processo de desenvolvimento a pessoa se envolve com as
situações existenciais e aproveita as chances que o meio oferece para realizar
seus objetivos. Oportunidades são encaradas como possibilidades de execução dos
nossos desejos. De certa forma, as coisas não vêm prontas, nós a adequamos aos
nossos interesses. Conquistamos com a nossa expressão, um espaço no meio e
certos privilégios; porém, a conquista mais valiosa é a habilidade adquirida
com a experiência, pois essa perdura para sempre e nos permite repetir tantas
outras vezes as mesmas conquistas. Pode-se dizer que ter habilidade é ser livre
e independente. É ter capacidade de enfrentar as adversidades da vida, recorrendo
aos próprios recursos, sem depender dos outros. A independência evita o apego e
fortalece a autoestima. A liberdade favorece o aprimoramento interior e evita
os processos depressivos. Assim sendo, ser hábil é uma grande conquista existencial.
Para conquistar a habilidade, devemos aproveitar as oportunidades e não esperar
as condições ideais. O ideal não pode ser nosso ponto de partida num projeto de
vida. Aquilo que seria ideal para fazer o que pretendemos é conquistado depois
de muita interação com a realidade, manifestando o nosso potencial.
Transformamos as ocasiões oportunas em situações totalmente adequadas àquilo
que desejamos realizar. Portanto, aceitar as oportunidades que a vida oferece é
despojar-se dos critérios que restringem a execução dos nossos talentos. Obviamente,
seria ideal ter todas as condições para dar início, por exemplo, a uma
atividade profissional. No entanto, quando isso não acontece é preciso ser
maleável e criativo para improvisar, com os recursos disponíveis e assim dar
início a uma trajetória, na direção dos nossos ideais. Assim, transformamos as
possibilidades reais em situações adequadas. Pode-se dizer que o ideal passa a
existir após a nossa atuação. O ser humano possui uma espécie de capacidade
alquímica de transformar possibilidades em condições oportunas. Nossa
trajetória de vida tem um perfil semelhante. Nascemos num meio familiar em que
praticamente não existia um espaço definido para nós. Ao longo do
desenvolvimento, fomos definindo esses espaços, conquistando uma referência no
seio familiar. Tão logo crescemos, precisamos nos inserir na sociedade, onde
também não existe um espaço próprio. Preparamo-nos com os estudos,
especializamo-nos, vamos dando alguns passos na carreira até alcançar o que
galgamos. O mesmo ocorre comas nossas relações sociais e afetivas. Conquistamos
as amizades, despertamos profundos sentimentos por determinadas pessoas que
sequer conhecemos. Movidos pelo sentimento de amor, por exemplo,
aproximamo-nos, estabelecendo relacionamentos. Uma amizade, por exemplo, faz-se
com a manifestação de qualidades. Não existe consanguinidade entre amigos; é
uma questão de conquista, que se dá por meio de atributos de ambas as partes,
promovendo o companheirismo que acrescenta uma o outro. A essa altura, você
deve estar se perguntando: "Qual a relação dessa explanação com a
epilepsia?", haja vista tratar-se de uma condição que envolve a
experiência de vida de cada um de nós, não somente daqueles que sofrem de
epilepsia. Para alguém ser bem-sucedido nos processos existenciais, requer-se
organização interior. Somente assim, consegue-se viabilizar a expressão dos
conteúdos internos no meio externo. Essa qualidade é deficitária nas pessoas
que sofrem de epilepsia. Os potenciais são comprometidos pela falta de
elaboração interna. Conquistar a habilidade de organizar sua própria expressão
representa um dos principais desafios a ser superado. Tornar-se bem-sucedido
nessa condição permitirá que os seus talentos ecoem no ambiente, acrescentando
os seus valores positivos, que beneficiarão a si mesmo, e também aqueles que o
cercam, como fizeram alguns dos grandes personagens epiléticos da história. Antes
de qualquer ação, a pessoa precisa organizar os pensamentos para elaborar
planos, que produzem ondas cerebrais, transmitindo sinais estimuladores ou
inibidores para a musculatura. Consequentemente, fluem os movimentos
compatíveis àquilo que se planejou. Essa ordem funcional é alterada nas pessoas
epiléticas. Pode-se dizer que o maior problema delas está na condição interna
de se organizarem para as ações. Seus impulsos permanecem reprimidos, gerando uma
série de conflitos mentais. Geralmente a sua força manifestadora encontra
resistência por parte de alguém ou de alguma situação que se opõe aos seus
intentos. Por um lado, pensam na importância de fazer o que têm vontade e o
quanto o seu gesto beneficiaria o meio; por outro, revoltam-se com a oposição encontrada,
desestimulando-se de interagir. Muitas vezes basta um pequeno detalhe ou apenas
uma frase das pessoas em volta para causar um grande aborrecimento. Mediante
isso, agem como se estivessem diante de um grande obstáculo, praticamente
impossível de ser transposto. Sentindo-se tolhidas, provocam uma grande
turbulência na instância mental, afetando suas emoções. Essa confusão interior
afeta a química do cérebro, intensificando os sinais nervosos que exacerbam a
musculatura, provocando as crises convulsivas. No instante da crise surge um
alvoroço na mente, seguido por um turbilhão de impulsos desenfreados, que se
compara à sensação de "freio de mão puxado", contendo toda essa fúria
interior. Tal sensação, talvez, compara-se a um vulcão em ebulição ou mesmo a
uma manada de animais cercada num curral, prestes a estourar. Situações dessas
equivalências aproximam-se bastante do universo emocional de uma convulsão. As
crises convulsivas surgem como uma maneira violenta de descarregar essas
pressões geradas pelas emoções reprimidas. O epilético se sente impossibilitado
de se expressar. Para ele, ninguém considera suas opiniões, tampouco respeitam
suas vontades, sequer esperam sua vez de se pronunciar. Ele fica sem ação
diante das pessoas que o rodeiam. Geralmente reclama por ser boicotado e não
receber as chances que merece. É comum, porém, ele mesmo se boicotar. Quando
surge alguma oportunidade para realizar algo de que gosta, perde a chance,
priorizando qualquer outra situação, mas não se permite realizar os seus
desejos. Para ele não existem momentos oportunos, ao contrário, nunca é
possível realizar seus intentos. Queixa-se dos outros, quando o maior problema
consiste na sua própria dificuldade em relação ao meio. Pode ser até que as
pessoas em volta não tenham sensibilidade para favorecer o seu desempenho, mas
são as suas dificuldades de elaboração mental que acentuam a oposição dos
outros. As pessoas que sofrem de epilepsia têm certa necessidade de serem
ouvidas, de se destacarem perante os outros ou até dominá-los por meio de
processos de manipulação. Essa é uma maneira de compensar a falta de
autodomínio. E também de buscarem uma posição diferenciada no grupo,
alimentando sua personalidade dominadora, para minimizarem o desconforto da falta
de poder sobre si mesmas. Assim sendo, não viva em busca de incentivos dos
outros para realizar suas próprias vontades. Procure, você mesmo, proporcionar
as chances necessárias para a viabilização de sua expressão. Saiba respeitar os
próprios limites. Dê valor àquilo que você está pretendendo fazer, não espere
que os outros valorizem ou o motivem; faça a sua parte, independentemente dos
resultados; o simples fato de realizar, promove uma sensação de competência e bem-estar.
Procure ser compreensivo com os outros, para não retribuir a eles aquilo que
você julga estar recebendo deles. Além disso, ficar indignado com alguém desvia
a atenção do foco do problema, que é interno e não externo. Dedique-se a
aprimorar a maneira de lidar com o processo interior, pois isso favorece o
desenvolvimento da habilidade de expressão no meio exterior. Para conquistar a
estabilidade emocional, observe a si mesmo, perceba a vertente dos desejos. Pense
nos meios disponíveis e nas oportunidades que a vida oferece. Depois, realce os
seus próprios recursos, tais como: o seu histórico de vida, os momentos que
você foi bem-sucedido, e por fim o direito que lhe assiste de executar suas
vontades. Acredite, você merece ser feliz. Para tanto, dedique-se ao que lhe
apraz, saiba esperar o melhor momento, mobilize seus recursos interiores. Use
sua perspicácia, não para encontrar nas pessoas os pontos contrários à sua
manifestação, mas sim para descobrir o melhor momento de realizar seus
objetivos. Desse modo você estará construindo uma condição interna favorável à
de vertente dos potenciais. Por meio dessa prática, conquistará habilidade para
manifestação do seu ser, com todos os atributos latentes na alma. Algumas
crises convulsivas podem ocorrer num jovem que tenha muita energia,
criatividade e impulsividade. Num dado momento da vida, em que ele se sente
desprovido dos meios para verter seus potenciais ele pode precipitar as
convulsões. Mais do que ter muitas oportunidades, esse jovem precisa aprender a
se organizar, por si mesmo, expor-se com naturalidade, mantendo a fluidez, que
não depende exclusivamente das condições externas, mas também da harmonia
interior, que garante bom fluxo existencial, superando os obstáculos impostos
pela realidade. Os desafios fortalecem os potenciais, aprimorando as
habilidades.
Extraído do livro
Metafísica da Saúde
Força, Luz e Paz
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