"Em sua essência, tanto o câncer como a AIDS têm muitos aspectos em comum, motivo pelo qual ambos podem ser resumidos sob o título de "amor doentio" ou "doença do amor". Vale lembrar que o Amor, aqui, expresso, é aquele que ultrapassa a polaridade e une os opostos. Como os opostos são definidos por seus limites - bem/mal, interior/exterior, eu/tu - o amor, tem uma função destinada à ultrapassagem das fronteiras, ou melhor, a destruir as mesmas. Assim definimos o Amor, entre outras possibilidades, como a capacidade de abrir-se , de deixar o outro "entrar", de abrir mão das fronteiras do eu.
Há tempos o sacrifício feito por amor ocupa um lugar de destaque na tradição e na literatura, na poesia, no mito e na religião. Nossa cultura o conhece na imagem de Jesus, Gandhi, Budha, Padre Pio, Francisco de Assis, Chico Xavier, Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce e tantos outros que, por Amor aos homens, sofreram uma morte sacrificial. Ao falar de "Amor", estamos nos referindo a um processo da alma e não ao ato físico.
Sempre que quisermos mencionar o "amor físico" falaremos de sexualidade. Se prestarmos atençao a essa diferença, logo fica claro que temos um grande problema com o Amor em nossa época e cultura. O Amor objetiva, em primeira instância, a conquista da alma do outro e não do seu corpo; a sexualidade deseja o corpo do outro. Um outro ponto notório é o amor possessivo ou obssessivo. Assim sendo, é necessário observar, com certa atenção, o que, manifestamos e qual o retorno disto em nosso corpo, quais as emoções que emergem e suas consequências.
A sexualidade visa saciar a sede de prazer e, em primeiro plano, do prazer pessoal; afinal, o "parceiro" serve apenas de instrumento. Em última análise, nem sequer se precisa desse parceiro, pois podemos obter prazer através do telefone, internet, ou mesmo, sozinhos.
O portador do vírus HIV/AIDS, no entanto, vive no âmbito físico o amor, a receptividade e o toque proporcionados pela sua sensibilidade e vulnerabilidade que, por medo, se negou a viver no âmbito psíquico. A AIDS nos tornou, em grande medida, conscientes de que não estamos sozinhos no mundo, de que toda delimitação é uma ilusão e que, por isso mesmo, o ego é a falta de discernimento de que somos indivíduos e também grupo. Esta deficiência nos permite lembrar e sentir que seremos, sempre, parte de uma comunidade, parte de um todo maior. Em última análise, a AIDS nos treina a respeitar os outros... Nos treina a doar amor com bases em interesses impessoais... A AIDS é o estágio terminal do amor que caiu na sombra. A AIDS abre as fronteiras do eu corpo, e assim o medo do amor, que foi evitado, inconscientemente, manifesta seus sinais no corpo físico.
As informações, aqui, expostas só servirão para quem, de fato, busca uma transformação mais profunda... Olhar que forças ocultas interiores nos cegam e nos bloqueiam o desenvolvimento espiritual é um dos caminhos para abrir espaços, em nossa mente concreta, para o nascimento de um novo homem, um novo ciclo...
Força e Luz
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